quarta-feira, 6 de julho de 2011

O que posso e o que não posso comer


O que eu posso e o que eu não posso comer.

Para descobrir quais são os alimentos ricos em oxalato e saber substitui-los,  resolvi ir a uma nutricionista. Além de me dizer quais são os principais vilões ( beterraba, amendoim e espinafre), ela me fez uma dieta mais saudável. Não preciso emagrecer nem engordar, mas preciso comer melhor.

Confesso que a grande perda devido ao oxalato foi o chocolate. Só vou poder comer 40g por dia, e para fazer isso tenho que riscar todos os outros alimentos com o mesmo composto. Mas me sobrou o chocolate branco, que é mais tranquilo e não terei que fazer tantos sacrifícios.

Com várias restrições, eu ainda estou um pouco perdida nas refeições. A nutricionista pediu para eu comer uma fruta entre o café e o almoço e o almoço e o jantar, mas sempre tenho que pensar qual posso comer. Na hora de pedir bebida em restaurantes, só me resta a água, já que refrigerantes com corantes estã cortados ( ou seja, quase todos) e frutas cítricas também ( a grande maioria).

Aí vai a lista dos alimentos com oxalato de cálcio e o seu teor.
Não comer: Espinafre, beterraba, germe de trigo, amendoim, chocolate, cacau, canela, pimenta, corantes, coca-cola, marmelada, figos, groselha, ameixas, framboesa, gelatina, molho de tomate, soja, nozes, quiabo, salsinha .
Moderado teor: Uva, aipo, pimentão, morango, fígado, laranja, abacaxi, , tomate, café, batata doce, chá preto indiano, mate.
Não sei o teor: Kiwi, amora, cenoura,  chi­có­ria, esca­rola, oliva, batata.


Semana que vem eu conto mais detalhes sobre o tratamento da vulvodinia.
Até lá.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

E começa o longo e complicado tratamento

Assim que a médica me diagnosticou com vulvodinia minha sensação foi de alívio, finalmente alguém tinha acreditado em mim, tinha encontrado alguma coisa. Mas depois que ela explicou a doença e suas eventuais causas ( que ainda são desconhecidas, mas algumas teorias indicam o oxalato de cálcio como o culpado) e tratamento, fiquei um pouco preocupada, mas não desanimei. A vulvodinia não tem cura, mas tem tratamento. Ele é longo e chato. Como tenho essa dor desde que comecei a ter relações sexuais, provavelmente já tinha vulvodinia antes e há um bom tempo. A médica disse que era uma coisa minha, então seria chatinho de tratar e eu teria que ter paciência.

Tudo bem, a primeira medida foi afastar todos os produtos com propilenoglicol. Ou seja, tudo que eu usei (receitado por outras médicas que julgavam ser só uma vagina mais apertadinha) piorou a vulvodinia. Tive uma coleção de lubrificantes do estilo KY. Várias marcas. Usei cremes com hormônios e corticoides durante meses. Tudo isso tem propilenoglicol e acabou irritando mais a região. No começo eu só sentia dor na penetração, agora também sinto aquele ardor horrendo depois. Estou proibida de usar sabonetes íntimos, só posso me lavar com Eucerin Syndet ph5 ou Lipkar Surgras. Para a relação sexual ( ainda não desisti dela, talvez porque sempre tive esperança que melhorasse com o tempo.) uso óleo mineral para lubrificar ao máximo e lidocaína 4% que mandei manipular e não uso camisinha para não aumentar o atrito. Uma coisa que tem me preocupado é o fato de não poder usar absorventes normais, só ob. Sempre tive dor ao tentar colocá-lo, mas a médica falou para eu molhá-lo no anestésico antes. Ela também me pediu para juntar 3 cartelas de pílula e pausar. Isso não me faria mal e seria melhor já que evitaria o contato com o sangue e com o próprio ob. Então acho que consigo tolerar o ob apenas 4 vezes no ano.

Uma outra medida foi evitar ao máximo os alimentos com oxalato de cálcio. São eles: espinafre, mate, café, chocolate, molho de tomate, beterraba, amendoim, marmelada, coca-cola, frutas cítricas etc. Ou seja, não é fácil, já que gosto de quase tudo.

São esses cuidados que tenho que ter nesse primeiro mês. Sei que depois entram alguns remédios concomitantemente a tudo isso. Estou bem e tenho esperanças de que essa dor melhore. Sei que não vai ser fácil, mas vou dar o meu melhor.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Você sabe o que é vulvodinia?

Eu não sabia até ser diagnosticada com ela. Depois de dois anos de dor e de muitas consultas médicas, finalmente encontrei a causa da minha agonia. Quero compartilhar com vocês todas as informações que sei sobre o tratamento e os sintomas. A luta até o diagnóstico é difícil.. Não podemos deixar que esse mal pouco conhecido continue a infernizar as nossas vidas. Dor durante a relação não é normal, mesmo que seja na parte de fora da vagina. Ela é um sinal de que alguma coisa está errada.

A vulvodinia ou vulvodynia em inglês é uma doença caracterizada pela queimação, ardor, prurido e dor vulvar. Ainda sem uma causa certa, ela não tem nada a ver com DSTs nem com problemas psicológicos. A doença (sim é uma doença) tem diversas formas de se manifestar. No meu caso, foi na relação sexual. Desde a minha primeira vez, eu sentia uma forte dor na hora da penetração.

No começo eu pensava que era normal por ter perdido a virgindade a pouco tempo. Achava que logo fosse passar. Mas a dor não aumentava nem diminuía, era sempre a mesma. Tentei de tudo. Experimentei todas as marcas de camisinha e de lubrificantes possíveis, e nada melhorava. Resolvi, então, consultar a minha ginecologista. Ela disse que isso era normal, que com o tempo iria passar. Me indicou outro lubrificante e só.

Passados alguns meses, resolvi procurar outra médica. Mas ela veio com o mesmo papo de que era normal e  que só o tempo melhoraria. Outro lubrificante e tchau. A partir daí, eu comecei a pensar que poderia ser psicológico, então contei tudo para a minha psicóloga. Depois de alguns meses, ela me disse que achava muito difícil que isso tudo fosse da minha cabeça.

Depois de um ano de relação sexual e de dor, eu ainda continuava sem uma resposta. Então continuei as minhas visitas às ginecologistas. Fui a várias. Elas me diziam que eu era muito apertadinha, que eu deveria relaxar na hora e usar um bom lubrificante. Pois é, nem relaxada nem tensa a dor sumia. Como a resposta que todas me davam era fazer sexo, eu comecei a ignorar a dor e fui, na tentativa de que realmente melhorasse com o tempo.

Com a dor sempre presente em todas as relações e inclusive numa simples tentativa de usar ob, eu resolvi dar a minha última cartada. Marquei uma consulta com a médica mais fodona que conhecia. A consulta era cara, mas o que ela me falasse eu iria acreditar. Fui e saí de lá sem nenhuma esperança, nenhuma mesmo. Ela disse que o meu caso só melhoraria com o tempo mesmo (já tinham quase 2 anos que eu estava tendo relações, mesmo com dor) e, possivelmente, o parto normal resolveria o meu problema. Ótimo estava nos meus planos mesmo! Óbvio que não quero ter um aos 21 anos.

Já sem esperanças, depois de mais uma relação dolorosa, resolvi visitar outra ginecologista. Já cheguei no consultório relatando todo o meu caminho percorrido e disse que queria que ela fizesse um corte para aumentar a abertura vaginal. Que isso iria melhorar ( a dor que sempre senti nas relações era como se minha pele estivesse rasgando). Assustada com o meu pedido, ela indicou uma amiga especialista em doenças da vulva. Marquei a consulta e fui. Meu medo que ela me dissesse que estava tudo bem era enorme. Eu não queria que estive tudo bem, queria achar uma causa pra maldita dor que me atormentava há dois anos.

Saí da consulta aliviada. Tinha achado o problema, nada era normal. Embora a médica tenha me dito que a vulvodinia não tem cura, só o fato de saber que essa dor pode melhorar me deixou extremamente feliz.
O tratamento não é rápido nem muito simples, mas ele existe. Talvez dure para a vida toda, mas não tem problema. Sei que essa dor vai melhorar.

Então meninas, jamais ignorem uma dorzinha. No meu caso, a vulvodinia apareceu desde a primeira relação sexual, mas ela pode aparecer a qualquer momento. A dor também pode ser intermitente, é um outro tipo da doença. Se vocês perceberem que algo está errado, procurem o ginecologista. Se ele disser que está tudo bem, insista. A vulvodinia sem tratamento é muito dolorosa.