quinta-feira, 30 de junho de 2011

Você sabe o que é vulvodinia?

Eu não sabia até ser diagnosticada com ela. Depois de dois anos de dor e de muitas consultas médicas, finalmente encontrei a causa da minha agonia. Quero compartilhar com vocês todas as informações que sei sobre o tratamento e os sintomas. A luta até o diagnóstico é difícil.. Não podemos deixar que esse mal pouco conhecido continue a infernizar as nossas vidas. Dor durante a relação não é normal, mesmo que seja na parte de fora da vagina. Ela é um sinal de que alguma coisa está errada.

A vulvodinia ou vulvodynia em inglês é uma doença caracterizada pela queimação, ardor, prurido e dor vulvar. Ainda sem uma causa certa, ela não tem nada a ver com DSTs nem com problemas psicológicos. A doença (sim é uma doença) tem diversas formas de se manifestar. No meu caso, foi na relação sexual. Desde a minha primeira vez, eu sentia uma forte dor na hora da penetração.

No começo eu pensava que era normal por ter perdido a virgindade a pouco tempo. Achava que logo fosse passar. Mas a dor não aumentava nem diminuía, era sempre a mesma. Tentei de tudo. Experimentei todas as marcas de camisinha e de lubrificantes possíveis, e nada melhorava. Resolvi, então, consultar a minha ginecologista. Ela disse que isso era normal, que com o tempo iria passar. Me indicou outro lubrificante e só.

Passados alguns meses, resolvi procurar outra médica. Mas ela veio com o mesmo papo de que era normal e  que só o tempo melhoraria. Outro lubrificante e tchau. A partir daí, eu comecei a pensar que poderia ser psicológico, então contei tudo para a minha psicóloga. Depois de alguns meses, ela me disse que achava muito difícil que isso tudo fosse da minha cabeça.

Depois de um ano de relação sexual e de dor, eu ainda continuava sem uma resposta. Então continuei as minhas visitas às ginecologistas. Fui a várias. Elas me diziam que eu era muito apertadinha, que eu deveria relaxar na hora e usar um bom lubrificante. Pois é, nem relaxada nem tensa a dor sumia. Como a resposta que todas me davam era fazer sexo, eu comecei a ignorar a dor e fui, na tentativa de que realmente melhorasse com o tempo.

Com a dor sempre presente em todas as relações e inclusive numa simples tentativa de usar ob, eu resolvi dar a minha última cartada. Marquei uma consulta com a médica mais fodona que conhecia. A consulta era cara, mas o que ela me falasse eu iria acreditar. Fui e saí de lá sem nenhuma esperança, nenhuma mesmo. Ela disse que o meu caso só melhoraria com o tempo mesmo (já tinham quase 2 anos que eu estava tendo relações, mesmo com dor) e, possivelmente, o parto normal resolveria o meu problema. Ótimo estava nos meus planos mesmo! Óbvio que não quero ter um aos 21 anos.

Já sem esperanças, depois de mais uma relação dolorosa, resolvi visitar outra ginecologista. Já cheguei no consultório relatando todo o meu caminho percorrido e disse que queria que ela fizesse um corte para aumentar a abertura vaginal. Que isso iria melhorar ( a dor que sempre senti nas relações era como se minha pele estivesse rasgando). Assustada com o meu pedido, ela indicou uma amiga especialista em doenças da vulva. Marquei a consulta e fui. Meu medo que ela me dissesse que estava tudo bem era enorme. Eu não queria que estive tudo bem, queria achar uma causa pra maldita dor que me atormentava há dois anos.

Saí da consulta aliviada. Tinha achado o problema, nada era normal. Embora a médica tenha me dito que a vulvodinia não tem cura, só o fato de saber que essa dor pode melhorar me deixou extremamente feliz.
O tratamento não é rápido nem muito simples, mas ele existe. Talvez dure para a vida toda, mas não tem problema. Sei que essa dor vai melhorar.

Então meninas, jamais ignorem uma dorzinha. No meu caso, a vulvodinia apareceu desde a primeira relação sexual, mas ela pode aparecer a qualquer momento. A dor também pode ser intermitente, é um outro tipo da doença. Se vocês perceberem que algo está errado, procurem o ginecologista. Se ele disser que está tudo bem, insista. A vulvodinia sem tratamento é muito dolorosa.